quinta-feira, julho 17, 2003

Noite recheada de sonhos literalmente viscerais. Minto: um sonho e um pesadelo. Num dos sonhos, eu limpava um peixe enorme. Não sabia se ia cozinhá-lo, assá-lo, fritá-lo, ali o importante era dissecá-lo, e realmente nunca tive muitas frescuras contra limpar vísceras de animais comestíveis (e mortos, de preferência). O problema é que no pesadelo o objetivo parecia ser limpar as minhas vísceras. Estava numa praça ou algo assim. O céu estava nublado e claro, mas eu ali não distinguia noite de dia. Havia muitas pessoas na praça e de repente chegou um bando de gente maquiada, costurada, enfeitada, armas brancas nas mãos, facas, tesouras e coisas afins. Eu senti algo passando no meu pescoço, olhei para baixo e logo vi o sangue escorrendo pelo meu corpo. Mais uma vez um homem estranho avançou em mim e ao passar por um espelho, me vi destrinchada como nas pinturas de Frida Kahlo: a lateral de meu tronco estava aberta e eu via com nitidez as camadas de pele, gordura, músculo e duas costelas minhas serradas, despedaçadas. Comecei a chorar sabendo que ia morrer sem saber por quê (mas não sentia dor. Todo o desespero era por me ver destrinchada), e segurei nas mãos da minha mãe e pedi que ela me levasse ao hospital. Daí acordei. Mas voltei a dormir e o no sonho seguinte eu estava me recuperando. Usava um gesso em forma de corpete, exatamente como Frida, no filme, e tomava muito cuidado ao me sentar, deitar e encostar nas coisas, com medo da dor e de que meus órgãos escapassem pelas frestas que o louco me abriu no corpo. Aí acordei mesmo. E achei melhor não voltar a dormir.

Estou esperando S. chegar. Dessa vez quem dará o abraço o sou eu.

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