Festa Móvel

Depois de ficar muito tempo com a bunda tomando a forma da cadeira do computador, resolvi me estender um pouco no tapete e ver TV. Tava passando, no SBT, "De Caso com o Acaso" (Sliding Doors), o filme que mais prova que eu gosto da Gwyneth Paltrow por mais que ela seja acusada de deficiência em sal...rs. O fato é que esse filme é o meu preferido dela, e eu o adoro pois trata justamente de transitoriedade, destino e possibilidades, que é um assunto com o qual estive em contato por mais de uma vez na semana que passou. Tanto em blogs, como o dela e o dele, quanto na minha própria cabeça.
O filme é o seguinte: uma mocinha tá na cidade e vai voltar pra casa. Na hora de pegar o metrô, ela esbarra em uma moça com um carrinho de bebê, e perde o trem. De repente, a cena volta e algo faz com que ela não perca o metrô, e chegue em casa bem na hora em que seu namorado tá sendo muito bem comido por outra mulher. E de repente, a vida dela muda. Já a que perdeu o metrô, chega em casa com a mulher virando a esquina e acaba não sabendo de nada, e continua vivendo sua vida. O filme é fofo, fofo demais, mas ao mesmo tempo ele guarda em si um profundo questionamento, profundo mas até comum, o de se perguntar o que faríamos se fôssemos outra pessoa, como olharíamos o mundo, como nos sentiríamos... quando eu era pequena, olhava as pessoas e bichos e ficava sempre pensando: "como será que ele enxerga? será que vê 'azul' como eu vejo? será que o céu pra ele não é vermelho"? Só que o que me parece agora mais fascinante, e o que o filme me despertou, é que o tempo todo a gente tem a possibilidade de olhar o mundo com outros olhos, e ser uma pessoa diferente dentro da gente mesmo, e ter a angústia de fazer escolhas como algo que pode nos jogar para um desfecho completamente diverso de qualquer coisa que um dia pretendemos. Mesmo assim, como cada instante por si só é uma escolha consciente ou não, temos a infinita possibilidade de moldar o mundo à volta segundo o que temos na gente, e vice-versa. Por isso eu adoro esse filme.